Mercado de caminhões sente os reflexos da alta taxa de juros praticada pelo Banco Central – O Grande ABC

Mercado de caminhões sente os reflexos da alta taxa de juros praticada pelo Banco Central

Mercedes divulgou boletim sobre redução da produção para 2023 e adoção de turno único na fábrica de caminhões. Entre os motivos, as altas taxas de juros no país

O mercado de caminhões passa por desafios com a queda da produção, a falta de peças e a taxa básica de juros nas alturas. A Mercedes, em São Bernardo, divulgou boletim sobre a necessidade de redução do programa de produção, sendo os juros muito altos um dos motivos para a queda na demanda.

A montadora anunciou ainda férias coletivas parciais, semanas curtas de trabalho e indicou a necessidade de adoção de turno único de trabalho na Fábrica de Caminhões por um período de dois ou três meses.

No setor de caminhões, ainda há a antecipação das compras por conta do Euro 6. O vice-presidente do Sindicato, Carlos Caramelo, ressaltou que as dificuldades enfrentadas são reflexos da ausência de uma política industrial nacional e que é preciso cobrar também os governos estaduais e municipais.

“Temos sentido reflexos da ausência de políticas específicas para o setor nos últimos anos. Precisamos de políticas públicas que diminuam o impacto ou que gerem, além de uma cobertura social, trabalho e renda. Tudo isso passa por incentivos à economia, com crédito, linhas de financiamento específicas e, em contrapartida, a garantia de emprego”, afirmou.

“A situação foi agravada ainda mais pela falta de peças, pela antecipação das vendas em 2022 com o Euro 6, que é o conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel e, principalmente, em função da redução na produção de caminhões por falta de financiamentos, da queda no consumo e das altas nas taxas de juros em nosso país”, destacou.

A projeção da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para a produção de pesados em 2023 está em 154 mil unidades, uma queda de 20,4% em relação a 2022, quando foram produzidos 194 mil veículos.

Taxa de juros

Com a taxa de juros mantida em 13,75% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, medida criticada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os financiamentos ficam mais caros, o crédito mais difícil e os investimentos no país ficam travados.

“É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES e baixar a taxa de juros, que é a segunda maior do mundo, para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças”, afirmou o diretor executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva.

De acordo com a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), a taxa de juros no mercado para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022.

Em caminhões e ônibus, houve a redução da participação do BNDES Finame e aumento dos financiamentos de mercado. Em 2016, o Finame era responsável por 62% entre as modalidades de pagamento. No 3º trimestre de 2022, 28%. Já os financiamentos saíram de 17%, em 2016, para 40% no período, segundo dados da Anef, com elaboração da Subseção do Dieese dos Metalúrgicos do ABC.

Via: Tribuna Metalúrgica/SMABC

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