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Burnout e o mundo digital: Ficar conectado demais cansa!

Coluna Rafael Marques*

Nos últimos anos, o termo burnout se tornou cada vez mais comum. Mas o que ele realmente significa? Burnout é um estado de esgotamento físico, mental e emocional causado pelo excesso de trabalho e pelo estresse contínuo. A pessoa com burnout se sente constantemente cansada, sem motivação, tem dificuldade de se concentrar e pode até desenvolver problemas físicos, como dores musculares, insônia, e crises de ansiedade.
O que muitos não percebem é como o mundo digital tem colaborado para o aumento dos casos de burnout. Estamos vivendo em uma era onde tudo acontece na tela: trabalho, estudos, conversas, compras e até o lazer. A conexão constante com celulares, computadores e redes sociais faz com que estejamos sempre “ligados”, o que dificulta cada vez mais o descanso verdadeiro.
Antes, ao sair do trabalho, o expediente acabava. Hoje, com um simples toque no celular, o trabalho pode continuar até tarde da noite. Responder e-mails fora do horário, participar de reuniões online durante o fim de semana, acompanhar grupos de trabalho no WhatsApp… tudo isso contribui para a sensação de que nunca estamos realmente de folga. A fronteira entre o pessoal e o profissional se apagou.
Outro ponto importante é a pressão invisível das redes sociais. A todo momento vemos pessoas sendo “produtivas”, empreendendo, estudando, viajando e conquistando objetivos. Isso pode criar uma cobrança interna enorme: a sensação de que precisamos estar sempre fazendo mais, sendo mais eficientes, e que parar para descansar é sinal de preguiça ou fracasso.
Essa comparação constante, somada à hiperconectividade, acaba minando nossa saúde mental. Vivemos num ritmo acelerado, tentando dar conta de tudo ao mesmo tempo, e esquecemos de cuidar de nós mesmos. E quando o corpo e a mente não aguentam mais, o burnout aparece.
Mas há caminhos para evitar ou até mesmo reverter esse quadro. O primeiro passo é entender que descansar não é perda de tempo. Pelo contrário, é uma necessidade. Estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal é fundamental. Isso pode incluir desligar notificações fora do expediente, não checar e-mails à noite, tirar férias de verdade (sem ficar olhando o celular o tempo todo), e reservar momentos do dia para atividades que tragam prazer e relaxamento, como a leitura.
Além disso, praticar o autoconhecimento ajuda a perceber os sinais do corpo. Cansaço constante, irritabilidade, dificuldade para dormir e sensação de estar sempre atrasado são sinais de alerta. Buscar ajuda profissional, como terapia, também pode ser essencial nesse processo.
O mundo digital veio para ficar, e pode ser um grande aliado. Mas é preciso usá-lo com equilíbrio. Saber desconectar é, hoje, uma habilidade tão importante quanto saber se conectar. Cuidar da nossa saúde mental é um ato de respeito com nós mesmos — e, no fim das contas, é isso que nos permite viver de forma mais leve e saudável.
 

*Rafael Marques é Escritor, pedagogo, filósofo e Psicanalista. Especialista em Educação Especial, História da cultura Afro, literatura e Terapeuta Ocupacional na saúde mental. Atua como Coordenador Pedagógico em uma Escola Municipal da Cidade de São Paulo. Tem 6 livros publicados e é integrante do CARP e do Clube de escritores de Ribeirão Pires.

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