Variedades

A Importância da Leitura na Primeira Infância e os Desafios da Cultura Digital

Coluna Rafael Marques*

A leitura na primeira infância é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças. Desde os primeiros meses de vida, a escuta de histórias contribui para a ampliação do vocabulário, a estimulação da criatividade e a construção do vínculo afetivo entre pais e filhos. No entanto, apesar da importância desse hábito, muitas famílias brasileiras ainda não incorporam a leitura no cotidiano das crianças, muitas vezes substituindo esse momento por telas de celulares, tablets e computadores.

O uso excessivo das telas tem se tornado uma preocupação crescente entre especialistas. Estudos apontam que a exposição prolongada pode prejudicar a concentração, a criatividade e até mesmo a interação social das crianças. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças menores de dois anos não tenham contato com telas e que, após essa idade, o uso seja controlado e sempre supervisionado. O tempo excessivo diante das telas compromete o desenvolvimento da linguagem e reduz o interesse por atividades essenciais, como a brincadeira e a leitura compartilhada.

Muitas famílias, preocupadas com o futuro acadêmico dos filhos, acreditam que a alfabetização precoce é um diferencial positivo. No entanto, pesquisas apontam que forçar esse processo antes do tempo pode ser prejudicial. Segundo estudos da neurociência, o cérebro da criança ainda não está completamente preparado para a leitura e a escrita antes dos seis ou sete anos, e a antecipação desse aprendizado pode gerar estresse e desmotivação. Países como Finlândia e Suécia, que iniciam a alfabetização mais tarde, apresentam altos índices de desempenho escolar, demonstrando que o mais importante é garantir uma base sólida de letramento antes da formalização da escrita.

Alessandra Moreira Andriotti, pedagoga e mãe do Antônio e do Álvaro, nos diz que “Como pedagoga, tenho consciência de como a literatura tem um papel fundamental no desenvolvimento das crianças. Ler para os meus filhos desde a tenra infância não só fortaleceu nosso vínculo, mas também ampliou vocabulário, estimulou a imaginação e despertou a curiosidade pelo mundo. Os livros se tornaram uma ponte para conversas importantes, ajudando-os a expressar sentimentos e entender diferentes perspectivas. Para mim, incentivar o hábito da leitura desde cedo é um presente para a vida toda, pois abre portas para o conhecimento, a empatia e a autonomia intelectual”.

O ideal é que a criança cresça cercada por livros e tenha na leitura um momento prazeroso. Criar o hábito de ler para os filhos desde cedo fortalece a relação familiar e prepara o caminho para uma alfabetização natural e eficiente. Em vez de antecipar a escolarização, é essencial oferecer às crianças um ambiente rico em histórias, diálogos e interações, respeitando seu tempo de desenvolvimento. Afinal, uma infância permeada pela leitura resulta em adultos mais críticos, criativos e apaixonados pelo conhecimento.

Créditos da fotografia:

Fotógrafo: Pedro Ladeira

Na fotografia vemos a senhora Alessandra Moreira Andriotti e seus filhos Antônio Gabriel Andriotti Galvão e Álvaro Gabriel Andriotti Galvão no CHL (Centro Histórico Literário) participando do lançamento do livro: As Belezas do Reino Encantado de Ribeirão Pires (texto de Rafael Marques e ilustrações de Gil Silva) em novembro de 2024.

*Rafael Marques é Escritor, pedagogo, filósofo e Psicanalista. Especialista em Educação Especial, História da cultura Afro, literatura e Terapeuta Ocupacional na saúde mental. Atua como Coordenador Pedagógico em uma Escola Municipal da Cidade de São Paulo. Tem 6 livros publicados e é integrante do CARP e do Clube de escritores de Ribeirão Pires.

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