DIEESE: Grande ABC é o segundo maior “município industrial” do país
Regiões compostas por cidades industrializadas apresentam dinâmicas mais complexas devido aos laços criados pela indústria com diferentes setores econômicos. Para analisar de modo mais detalhado a trajetória industrial e os processos de desindustrialização/reindustrialização no Brasil no período recente, está sendo lançado hoje o estudo Cidades Industriais Brasileiras: Emprego, renda e níveis de atividade no período 2002-2022.
A publicação, produzida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) e pela Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM/CUT-SP), tem como premissa o caráter estratégico desse setor para o país e busca analisar a trajetória da indústria de transformação nas principais cidades industriais brasileiras, para mostrar a dinâmica do emprego formal, da remuneração e da atividade econômica ao longo de duas décadas.
A indústria de transformação tem grande relevância no Brasil, com números que ressaltam essa condição. Com a 14ª posição no ranking global de países mais industrializados, representa 1,32% do valor total da produção industrial global e é responsável por 24% da arrecadação de impostos federais e 2/3 dos investimentos empresariais em pesquisa e desenvolvimento, além de contribuir diretamente com 11,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e gerar 8,7 milhões de empregos diretos (15,4% do total).
O estudo apresenta uma análise da trajetória da indústria de transformação brasileira, indicadores de emprego formal, remuneração média e valor adicionado bruto (VAB). De acordo com o coordenador da Subseção do DIEESE no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luís Paulo Bresciani, “o trabalho mostra o movimento oposto de dois diferentes períodos, um com grande expansão da atividade e do emprego industrial entre 2002 e 2012, e outro de retração expressiva até 2021, afetando a maioria das principais cidades industriais brasileiras”.
No Grande ABC, houve forte crescimento do emprego industrial (26%), do salário médio na indústria (15%) e do valor adicionado (28%) entre 2002 e 2012, seguido de forte regressão da atividade, característica da economia nacional até 2021, e que marca o curso das chamadas regiões maduras da indústria brasileira. Entre 2012 e 2021, foram reduzidos 59,8 mil postos de trabalho na indústria do Grande ABC, resultando, em 2021, em 183,7 mil trabalhadores.
No momento atual, e considerando a soma das sete cidades, a região do Grande ABC ainda é o segundo maior “município industrial” do país em termos de emprego, com quase 190 mil trabalhadores ao final de 2022, distribuídos por pouco menos de 7 mil fábricas, e representando 23% do emprego formal da região. Essa retomada da atividade industrial claramente contribui para os níveis mais elevados de crescimento econômico verificados no biênio 2023/2024, além de o emprego industrial no país alcançar novo patamar histórico, superando 8,7 milhões de postos de trabalho em 2024.
O estudo trata também da importância das ações do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e da Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC para a manutenção do parque industrial na região.
De fato, a contraposição ao processo de desindustrialização, que afetou o país no período recente, orientou a concepção e implementação da nova política industrial federal a partir de 2024, com o desenho da Nova Indústria Brasil (NIB). A construção dessa política contou com ampla participação do movimento sindical.
O diagnóstico trazido pelo estudo indica que o sucesso da Nova Indústria Brasil (NIB) também passa pela contribuição dessa política para o desenvolvimento das cidades industriais brasileiras, com apoio a esses municípios na modernização, reconversão industrial e adaptação às mudanças tecnológicas e às demandas de descarbonização impostas pela transição energética. Um processo que deve priorizar a geração de novos empregos, o aumento da renda e o fortalecimento do desenvolvimento local.
Acesse o estudo completo em: https://smabc.org.br/wp-content/uploads/2024/12/Cidades-Industrias-Brasileiras-DIEESE-Final-Dez-24.pdf
Foto: Adonis Guerra
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