Aluna da ETEC de São Bernardo é finalista em prêmio da área ambiental – O Grande ABC

Aluna da ETEC de São Bernardo é finalista em prêmio da área ambiental

A Universidade Federal do ABC será representada na final do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo – Edição Brasil 2020 pela estudante de Ensino Médio e bolsista de Iniciação Científica Júnior (ICJ), Letícia Ribeiro Bernardes Casado. Sob a orientação da professora Tatiane Araújo de Jesus e da mestranda Thais de Araujo Goya Peduto, ambas vinculadas ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPG-CTA), a jovem pesquisadora desenvolveu o projeto Avaliação fitotoxicológica dos sedimentos do reservatório Rio Grande pertencente ao Complexo Billings, São Paulo-SP.

A premiação nacional será realizada virtualmente, às 14 horas do próximo dia 5 (sexta-feira), e tem como objetivo selecionar, para uma etapa internacional a ser realizada em Estocolmo (Suécia), trabalhos que apresentam respostas a desafios relacionados à agua e à sustentabilidade, nos quais se envolveram jovens, entre 15 anos e 20 anos, de todo o mundo. No Brasil, o prêmio é organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES).

Letícia tem 17 anos e é estudante do terceiro ano do Ensino Médio integrado ao curso técnico de Química, na Escola Técnica Estadual Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo. Ela recebeu bolsa de ICJ da UFABC, programa que, por meio do apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e do financiamento do CNPq, visa ao desenvolvimento de projetos de educação científica com estudantes da rede pública.

O projeto finalista tem como escopo avaliar se existe alguma reação tóxica que prejudique o crescimento de radículas de sementes de pepino e mostarda em extratos aquosos de amostras de sedimento coletadas na represa Billings. As pesquisadoras envolvidas ressaltam, com base nas análises até então realizadas, a importância do monitoramento das águas para maior segurança do abastecimento público.

“Acredito que meu projeto é importante, por conta dos bioensaios com sementes, que podem ajudar como mais uma linha de evidência para a avaliação da qualidade das águas e dos sedimentos, já que estes representam a memória do ambiente aquático e concentram os poluentes”, declara Letícia Ribeiro.

Letícia trabalhando com sedimentos coletados na represa Billings
Letícia trabalhando com sedimentos coletados na represa Billings
Crédito: Thais Peduto

A professora Tatiane destaca o baixo custo dos ensaios, cujas respostas também são rápidas (cerca de três dias). Por isso, ela vislumbra que tais procedimentos possam integrar a regulação na área de meio ambiente: “Estamos estudando esses ensaios e pensando em uma possível inclusão deles na legislação brasileira relacionada ao monitoramento ambiental. Notamos que as amostras avaliadas, em geral, potencializam a germinação das sementes (o que não é bom), em virtude da quantidade de nutrientes em excesso que existem nas águas do manancial, devido ao lançamento de esgotos que ainda ocorre nesse ambiente”, alerta a docente.

Thais, que atuou como co-orientadora de Letícia, projeta também os próximos passos da investigação, por meio dos quais será possível monitorar dados para embasar a tomada de decisão pelos órgãos ambientais competentes: “Para outros estudos, acreditamos ser coerente a análise conjunta da germinação das sementes com as variáveis do ambiente aquático e o aprofundamento quanto às espécies de sementes que respondem melhor ao tipo de material analisado, embasando as diretrizes para uma possível legislação”, reitera a mestranda do PPG-CTA.

Exemplo de sementes geminadas após contato com sedimentos
Exemplo de sementes germinadas após contato com sedimentos
Crédito: Thais Peduto

Letícia deve contribuir com esse projeto até agosto de 2020, quando se encerra sua bolsa de 12 meses. Ela foi incentivada a ser jovem pesquisadora na UFABC por sua professora de Química da ETEC Lauro Gomes, Ana Paula Ruas de Souza. A estudante, que ainda está indecisa quanto à continuidade dos estudos nas áreas de Química ou Engenharia de Alimentos, está entusiasmada pela indicação ao Prêmio Jovem da Água de Estocolmo:

“Fico muito feliz em poder contribuir para uma questão tão importante relacionada ao gerenciamento ambiental. Essa indicação como finalista em uma premiação tão importante no mundo jovem trouxe a voz e a valorização à minha pesquisa. Também me fez evoluir como pessoa e me fez entender que eu posso defender algo em que eu acredito a partir de um estudo científico”.

 O trabalho de Letícia disputa com outros quatro projetos de estudantes vinculados a ETECs ou ao Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Para acompanhar as atualizações sobre a final da premiação basta acessar: http://abes-dn.org.br/abeseventos/premiojovemaguaestocolmo/